8 de março de 2025

Metade das pessoas acredita que a IA vai tomar seu emprego

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A rápida ascensão da inteligência artificial (IA) no ambiente de trabalho tem gerado debates significativos sobre seu impacto nas oportunidades de emprego e na natureza das tarefas laborais. Uma pesquisa recente do Pew Research Center buscou compreender as percepções dos trabalhadores norte-americanos em relação ao uso futuro da IA no local de trabalho, investigando sentimentos, expectativas e experiências relacionadas a essa tecnologia emergente.​

A pesquisa revelou que 52% dos trabalhadores expressam preocupação com o impacto futuro da IA no ambiente de trabalho, enquanto 36% sentem-se esperançosos. Além disso, 33% dos entrevistados relataram sentir-se sobrecarregados com a perspectiva do uso da IA. Quando questionados sobre as oportunidades de emprego, 32% acreditam que a IA levará a menos oportunidades para eles a longo prazo, ao passo que apenas 6% esperam um aumento nas oportunidades. É importante notar que 63% dos trabalhadores afirmam não utilizar a IA em suas funções atuais, e apenas 16% indicam que parte de seu trabalho é realizada com o auxílio dessa tecnologia. ​

As respostas abertas da pesquisa destacam sentimentos de ambivalência entre os trabalhadores. Muitos reconhecem o potencial da IA para automatizar tarefas rotineiras, aumentando a eficiência. Contudo, há uma preocupação predominante de que essa automação possa reduzir a necessidade de intervenção humana, especialmente em funções administrativas e de nível básico. Alguns participantes expressaram temores de que a IA possa substituir completamente certas funções, levando à obsolescência de empregos tradicionais.​

A análise combinada dos dados quantitativos e qualitativos revela uma percepção mista sobre a IA no local de trabalho. Embora haja reconhecimento de seus benefícios potenciais, como a automação de tarefas repetitivas, prevalece a preocupação com a segurança no emprego e a redução de oportunidades futuras. Essa dualidade sugere que, embora os trabalhadores vejam valor na IA, eles temem pelas implicações de longo prazo em suas carreiras.

Uma limitação notável da pesquisa é a falta de segmentação detalhada por setores industriais ou níveis hierárquicos, o que poderia fornecer uma compreensão mais profunda das percepções específicas de diferentes grupos de trabalhadores. Além disso, a pesquisa poderia beneficiar-se de uma análise longitudinal para capturar como as percepções sobre a IA evoluem ao longo do tempo, especialmente à medida que a tecnologia se torna mais integrada ao ambiente de trabalho.​

Para aprimorar a compreensão do impacto da IA no local de trabalho, recomenda-se a realização de estudos segmentados por indústria e função, permitindo identificar áreas específicas onde a IA é mais benéfica ou prejudicial. Além disso, promover programas de educação e treinamento focados na integração da IA pode preparar melhor os trabalhadores para colaborar com essas tecnologias, mitigando medos e aumentando a aceitação. Por fim, políticas organizacionais transparentes sobre a implementação da IA podem ajudar a construir confiança entre empregadores e empregados.​

Conclusão

A pesquisa do Pew Research Center destaca sentimentos mistos dos trabalhadores norte-americanos em relação à IA no ambiente de trabalho. Embora reconheçam os benefícios potenciais, prevalecem preocupações sobre a segurança no emprego e a redução de oportunidades futuras. Abordar essas preocupações por meio de pesquisas mais detalhadas, educação e políticas transparentes é crucial para garantir uma integração harmoniosa da IA no mundo do trabalho.

Fábio Correa Xavier

Fábio Correa Xavier é Mestre em Ciência da Computação pela Universidade de São Paulo,com MBA em Gestão de Negócios pelo Ibmec/RJ, e Especialização Network Engineering pela Japan International Cooperation Agency (JICA). Atualmente é CIO do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Professor e Coordenador de graduação e pós-graduação e colunista da MIT Technology Review Brasil e da IT Forum. Possui as certificações CIPM e CDPO/BR (IAPP – International Association of Privacy Professionals), CC((ISC)² e EXIN Privacy and Data Protection. É autor de vários livros sobre tecnologia, inovação, privacidade, proteção de dados e LGPD, com destaque para o Best Seller “CIO 5.0“, semifinalista do Prêmio Jabuti 2024 e destaque da Revista Exame e também de Mapa da Liderança.

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