qui. jan 30th, 2025

O desafio de comprovar o ROI da IA

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A inteligência artificial generativa é vendida como a panaceia tecnológica. Mas, enquanto os fornecedores prometem mundos e fundos, a dura realidade para os CIOs é outra: como comprovar o ROI de uma tecnologia que ainda se move mais na zona da experimentação do que na entrega de resultados concretos?

Uma pesquisa da IDC revela um fato alarmante: 46% dos líderes de TI apontam a imprevisibilidade dos custos como um dos maiores obstáculos para a adoção de IA generativa. Não é apenas sobre investir em algo novo – é sobre justificar cada centavo de um orçamento já pressionado.

Mas onde estão os dados que justificam o hype?

A chave para resolver esse dilema está na construção de métricas claras e objetivas que conectem diretamente os custos com os benefícios entregues. Algumas abordagens práticas incluem:

1️⃣ ROI vinculado a casos de uso claros e mensuráveis: Automatizar resumos de documentos? Reduzir o tempo de atendimento ao cliente? É fundamental estabelecer antes de começar o projeto quais KPIs a IA vai melhorar e como isso será medido.

2️⃣ Modelos de custo previsíveis e detalhados: Quantos tokens gerados equivalem a um ganho real? Qual é o custo médio por interação bem-sucedida? Métricas como “tokens gerados x valor entregue” podem criar transparência para justificar custos.

3️⃣ Pilotos pequenos, objetivos grandes: Ao invés de investir em soluções personalizadas que consomem milhões antes de provar valor, CIOs podem apostar em pilotos com escopo limitado. Teste, valide e só depois escale.

2 preocupações: imprevisibilidade e dados confiáveis

A flexibilidade de modelos pay-as-you-go parece tentadora, mas é também um terreno perigoso. Sem controle operacional robusto, o consumo pode sair do controle. Um alerta importante do artigo da CIO Online: “ninguém quer explicar para o conselho o pico de custos da última noite sem métricas claras para justificar o impacto.”

Por outro lado, sem dados concretos e confiáveis, toda conversa sobre o impacto da IA se resume a suposições. E suposições são o que mais derrubam projetos promissores. CIOs precisam de painéis que conectem diretamente as métricas financeiras e de desempenho, monitorando o impacto de cada dólar investido.

E o que podemos fazer?

Alguns KPIs que podem ajudar a medir o real valor da IA seriam:

Tokens gerados: Quantidade de interações realizadas pela IA.

Impacto operacional: Tempo ou custo economizado em processos manuais.

Custo por unidade: O valor médio para cada interação bem-sucedida.

Valor entregue: Impacto em receita ou redução de riscos proporcionado pela IA.

Esses dados não só justificam o investimento, como também garantem que a tecnologia esteja alinhada com objetivos estratégicos.

Ainda assim, será que estamos prontos para exigir dos fornecedores – e de nós mesmos – a transparência necessária para demonstrar o real ROI da IA generativa? Ou vamos continuar nos seduzindo pela promessa de futuro sem exigir provas concretas?


Fábio Correa Xavier

Mestre em Ciência da Computação pela Universidade de São Paulo,com MBA em Gestão de Negócios pelo Ibmec/RJ, e Especialização Network Engineering pela Japan International Cooperation Agency (JICA). Atualmente é CIO do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Professor e Coordenador de graduação e pós-graduação e colunista da MIT Technology Review Brasil e da IT Forum. Possui as certificações CIPM e CDPO/BR (IAPP - International Association of Privacy Professionals), CC((ISC)² e EXIN Privacy and Data Protection. É autor de vários livros sobre tecnologia, inovação, privacidade, proteção de dados e LGPD, com destaque para o Best Seller "CIO 5.0", semifinalista do Prêmio Jabuti 2024 e destaque da Revista Exame e também de Mapa da Liderança.

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