O desafio de comprovar o ROI da IA

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A inteligência artificial generativa é vendida como a panaceia tecnológica. Mas, enquanto os fornecedores prometem mundos e fundos, a dura realidade para os CIOs é outra: como comprovar o ROI de uma tecnologia que ainda se move mais na zona da experimentação do que na entrega de resultados concretos?

Uma pesquisa da IDC revela um fato alarmante: 46% dos líderes de TI apontam a imprevisibilidade dos custos como um dos maiores obstáculos para a adoção de IA generativa. Não é apenas sobre investir em algo novo – é sobre justificar cada centavo de um orçamento já pressionado.

Mas onde estão os dados que justificam o hype?

A chave para resolver esse dilema está na construção de métricas claras e objetivas que conectem diretamente os custos com os benefícios entregues. Algumas abordagens práticas incluem:

1️⃣ ROI vinculado a casos de uso claros e mensuráveis: Automatizar resumos de documentos? Reduzir o tempo de atendimento ao cliente? É fundamental estabelecer antes de começar o projeto quais KPIs a IA vai melhorar e como isso será medido.

2️⃣ Modelos de custo previsíveis e detalhados: Quantos tokens gerados equivalem a um ganho real? Qual é o custo médio por interação bem-sucedida? Métricas como “tokens gerados x valor entregue” podem criar transparência para justificar custos.

3️⃣ Pilotos pequenos, objetivos grandes: Ao invés de investir em soluções personalizadas que consomem milhões antes de provar valor, CIOs podem apostar em pilotos com escopo limitado. Teste, valide e só depois escale.

2 preocupações: imprevisibilidade e dados confiáveis

A flexibilidade de modelos pay-as-you-go parece tentadora, mas é também um terreno perigoso. Sem controle operacional robusto, o consumo pode sair do controle. Um alerta importante do artigo da CIO Online: “ninguém quer explicar para o conselho o pico de custos da última noite sem métricas claras para justificar o impacto.”

Por outro lado, sem dados concretos e confiáveis, toda conversa sobre o impacto da IA se resume a suposições. E suposições são o que mais derrubam projetos promissores. CIOs precisam de painéis que conectem diretamente as métricas financeiras e de desempenho, monitorando o impacto de cada dólar investido.

E o que podemos fazer?

Alguns KPIs que podem ajudar a medir o real valor da IA seriam:

Tokens gerados: Quantidade de interações realizadas pela IA.

Impacto operacional: Tempo ou custo economizado em processos manuais.

Custo por unidade: O valor médio para cada interação bem-sucedida.

Valor entregue: Impacto em receita ou redução de riscos proporcionado pela IA.

Esses dados não só justificam o investimento, como também garantem que a tecnologia esteja alinhada com objetivos estratégicos.

Ainda assim, será que estamos prontos para exigir dos fornecedores – e de nós mesmos – a transparência necessária para demonstrar o real ROI da IA generativa? Ou vamos continuar nos seduzindo pela promessa de futuro sem exigir provas concretas?


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Fábio Correa Xavier

Fábio Correa Xavier é Mestre em Ciência da Computação pela Universidade de São Paulo,com MBA em Gestão de Negócios pelo Ibmec/RJ, e Especialização Network Engineering pela Japan International Cooperation Agency (JICA). Atualmente é CIO do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Professor e Coordenador de graduação e pós-graduação e colunista da MIT Technology Review Brasil e da IT Forum. Possui as certificações CIPM e CDPO/BR (IAPP – International Association of Privacy Professionals), CC((ISC)² e EXIN Privacy and Data Protection. É autor de vários livros sobre tecnologia, inovação, privacidade, proteção de dados e LGPD, com destaque para o Best Seller “CIO 5.0“, semifinalista do Prêmio Jabuti 2024 e destaque da Revista Exame e também de Mapa da Liderança.